domingo, 20 de março de 2011

POEMAS V

Eu morro na curva do dia
e sonho à vontade, de dentro ninguém pode ver
sofro cada hora acorado num vaso
detento no jardim das materialidades
(e não era isso o que eu tinha a dizer,
o que agora me escapa
o escrito é a capa, é o véu, um negrume que esconde a luz,
mas nem isso é verdade
                     a metade
ou aquela vontade
a volição do começo
abolição, um trocadilho
              um torpedo
              um tropeço
              um ônibus sem amortecedores
              as ruas cheias de buracos
              o prefeito não está nem aí com os poetas passageiros
                                              (acho que é porque eles não ficam, apenas passam ligeiros)
              eu rio
                      Cuiabá me é desafio
                                      e pedágio)
Todo este poema é um defeito:
eu não queria a rima, ela veio;
não era pra ser o fim, mas acabou a linha (naquela folha barbiesca)
mas preciso... sei lá... morrer na curva do dia (?)

Nenhum comentário: