domingo, 20 de março de 2011

POEMAS VII

Duvidei de mim e não acreditei que pudesse amanhecer um dia
um dia e outro com a noite no meio
NÃO!!!
Por que tão cedo Dionísio me assalta, invade meu(s) poema(s)?
Desta vez não!
Vou (irei) sério e triste e circunspecto e romântico e parnasiano (não, parnasiano não), reto e sóbrio e, naquele passo solene, como quem caminha para o fim sem acreditar que amanhecerá.
É que só a noite pode amanhecer!
O dia não amanhece, ele já está amanhecido 
e é por isso que quem quer saborear as coisas não gosta do dia, porque ele é amanhecido.
Já comeu pão amanhecido? Arroz amanhecido? Em cima do fogão, feijão amanhecido? Bife amanhecido na frigideira? Refrigerante amanhecido no fundo do copo?
Por isso o meio-dia é tão amanhecidamente insuportável, por ser o àpice do amanhecer (e é quando, de tanto amanhecer, o sol entra em declínio e inicia o desamanhecer pra chegar num fim de tarde BUNITO, enfeitado como só um fim de tarde ou o fim desta (daquela) folha, ah, Dionísio... você não me esquece, você sempre esteve aqui, como Rexona (não me abandona) e, de quebra, a indústria cultural a reboque.
Onde estão (os chatos) Horkheimer e Adorno quando se precisa deles?!?!??!!..................

Talvez remoendo seu mau humos em algum estado de não-ser.

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